Presidente do BC diz que leilões diários deram previsibilidade ao câmbio
Bruno Villas Bôas
Rio e Brasília – O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse ontem que o real teve o melhor desempenho entre as moedas de países emergentes desde o fim de agosto, quando a autoridade monetária adotou o programa de intervenção diária no mercado de câmbio, de US$ 100 bilhões até dezembro. Segundo Tombini, que participou de um almoço com membros da Associação Nacional de Jornais (ANJ), em São Paulo, o real valorizou-se mais de 6% porque o programa, previsto para durar até dezembro, conferiu previsibilidade ao mercado, em um momento de transição da economia internacional.
Ontem, o dólar comercial recuou 0,26%, a R$ 2,274, o menor valor em um mês. Foi a oitava queda da moeda nos últimos dez pregões. O BC realizou seu leilão diário de swap cambial tradicional — equivalente a uma venda de dólares no mercado futuro — logo pela manhã, com a venda de 10 mil contratos, numa intervenção de US$ 496,7 milhões. E anunciou mais um leilão de linha — venda de moeda com compromisso de recompra — de US$ 1 bilhão para o pregão de hoje.
Desde que anunciou o programa de leilões diários, em 22 de agosto, o real valorizou-se 6,95% frente dólar. Segundo dados da Bloomberg News, a valorização do real foi a maior entre 173 moedas acompanhas no período. Moedas de outros emergentes consideradas frágeis no atual ciclo econômico, no entanto, também
se valorizaram, como rand sul-africano (3,49%), peso chileno (2,12%), rúpia indiana (1,72%) e rublo russo (1,22%).
Luis Eduardo Portella, sócio gestor da Modal Asset, concorda que o programa do BC contribuiu para o movimento do real, inclusive por ser uma atuação ortodoxa, diferentemente da medidas como a criação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), com feito no passado.
— O mercado acalmou nas últimas semanas. Mas na próxima semana temos a reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano). E se o programa de recompra de títulos públicos for realmente reduzido, o dólar vai voltar a subir — alerta Portella.
Petrobras derruba Bolsa
Ontem, o presidente do BC acrescentou, durante o evento, que as perspectivas para a economia internacional têm melhorado. No entanto, a autarquia reconhece os desafios para lidar com a volatilidade que tem marcado o cenário.
No mercado de ações, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuou pelo terceiro dia seguido. O Ibovespa, índice de referência do mercado, teve baixa de 0,49%, aos 53.307 pontos. Pesaram as ações preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras, que recuaram 2,13%, cotadas a R$ 17,86, após a presidente da companhia, Maria das Graças Foster, ter descartado anteontem um reajuste no preço da gasolina a curto prazo, como uma parte do mercado ainda apostava.
— Os estrangeiros lideraram as vendas, de olho na reunião do Fed na semana que vem e o risco de uma intervenção militar na Síria — disse Marcelo Torto, analista da Ativa Corretora.
Entre as altas, PDG Realty ON subiu 3,57%, cotada a R$ 2,32.
Fonte: O Globo