V.M
A alta do dólar pode jogar o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para baixo na comparação internacional. Ontem, a divisa norte-americana fechou no maior nível dos últimos três meses, cotada a R$ 2,379 na venda, uma alta de 1,02%. Diante desse quadro, e caso se confirmem as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil deve perder, ao fim de 2013, o posto de sétima economia do mundo para a Rússia. A culpa dessa piora, segundo Joseph Stiglitz, professor da Universidade Columbia e prêmio Nobel em 2001, não está no setor externo, como defende o Palácio do Planalto, mas, sim, nos problemas domésticos do país.
O Brasil caminha, segundo especialistas, para a “tempestade perfeita”. O termo se refere à combinação bombástica de mudanças na política monetária dos Estados Unidos, que devem valorizar ainda mais o dólar ante o real, com o rebaixamento brasileiro pelas agências de risco, o que encarecerá as linhas de financiamento externo. Para Stiglitz, a economia brasileira é uma das mais vulneráveis ao processo de redução dos US$ 85 milhões mensais de incentivos no maior mercado do mundo. “Esse processo terá maior efeito no Brasil que em outros países”, disse.
Apesar do discurso do governo, o setor externo não é o principal empecilho para a atividade produtiva. O excesso de endividamento público, as despesas do Estado em ritmo mais elevado que as receitas, a leniência com a inflação e o intervencionismo atrapalharam o crescimento. “Olhando para a América Latina, o Brasil é o único país que puxa os juros (para cima). México, Colômbia e Chile os cortaram. Quem estava com a casa arrumada pôde fazer isso, usar a política monetária de maneira contracíclica”, explicou Tony Volpon, diretor executivo e chefe de Pesquisas para a Mercados Emergentes das Américas da Nomura Securities. (VM)
» Ladeira abaixo
Se, ao fim de 2013, o PIB brasileiro acumulado em 12 meses fosse igual ao de setembro passado, o Brasil cairia da sétima para a oitava posição no ranking global. Veja a projeção das riquezas dos países neste ano
PIB em US$ trilhões
1º EUA 16,724
2º China 8,939
3º Japão 5,007
4º Alemanha 3,593
5º França 2,738
6º Reino Unido 2,489
7º Rússia 2,117
8º Brasil 2,114*
*Volume equivalente ao acumulado de setembro, considerando a cotação do dólar de 30 de setembro: R$ 2,215
Fonte: FMI
Fonte: Correio Braziliense