Greve no IBGE chega a 70% de adesão

    Segundo sindicato dos servidores, mais quatro unidades resolveram aderirá paralisação iniciada na segunda-feira 

    Daniela Amorim/ RIO

     

    A greve dos servidores do Insti­tuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) conquistou a adesão de mais quatro unida­des do órgão ontem. Ao todo, funcionários de 18 dos 32 núcleos do instituto no País já aprovaram a paralisação, o equivalente a 70% do quadro de 5,7 mil empregados efetivos, segundo os cálculos do Sindicato Na­cional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatísticas (Assibge-SN). 

    O IBGE anunciou que não rea­lizaria entrevista coletiva para dois indicadores que serão di­vulgados hoje: o índice de Pre­ços ao Produtor (IPP), que me­de a inflação da indústria da transformação, e as Estatísticas do Cadastro Central de Empre­sas (Cempre) 2012. O instituto garante que a decisão não foi motivada pela greve, mas pela falta de interesse de jornalistas. 

    No ano passado, o IBGE já deixou de realizar entrevista coletiva para três pesquisas econômi­cas estruturais: a Pesquisa Anual de Serviços, Pesquisa Anual de Comércio e Pesquisa Anual da Indústria da Constru­ção. O motivo seria a falta de interesse da imprensa por cau­sa da defasagem dos dados di­vulgados em relação ao ano de referência. 

    No Rio de Janeiro, que con­centra cerca de 50% dos servido­res do IBGE, todas as cinco uni­dades já confirmaram paralisa­ção das atividades. O Assibge es­tima que a adesão dos trabalha­dores ao movimento nas filiais em greve já esteja entre 65% e 70%. “O indicador que aprova­mos a divulgação é a Pnad Contí­nua do dia 3 de junho. Os de­mais nós entendemos que os trabalhadores em greve não de­vem divulgar, mas não sabemos o que vai acontecer”, alertou Susana Drumond, diretora da Assibge-SN, sobre o risco de que a paralisação dos trabalhos atra­palhe as pesquisas conduzidas pelo instituto. 

    Os núcleos que aderiram ao movimento estão distribuídos por Rio de Janeiro, Amapá, Ama­zonas, Distrito Federal, Paraí­ba, Alagoas, Rio Grande do Nor­te, São Paulo, Paraná, Rio Gran­de do Sul, Santa Catarina, Espí­rito Santo, Bahia, Acre, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. 

    O IBGE informou que a parali­sação dos servidores no primei­ro di a de greve, na última segunda-feira, foi parcial e atingiu 11 Unidades Estaduais, além da Se­de e de Parada de Lucas, ambas no município do Rio de Janeiro. “Em todo o País, a adesão foi de cerca de 12% dos trabalhadores. O calendário de divulgações es­tá mantido”, divulgou o órgão, em nota. 

    Ponto. Novas assembleias re­gionais serão realizadas ao lon­go da semana nas demais unida­des. Segundo Susana, a ordem de cortar o ponto dos grevistas, proveniente do Ministério do Planejamento, ao qual o IBGE é subordinado, não enfraquecerá o movimento. “Na última greve isso também aconteceu. Mas não funcionou da outra vez e não vai funcionar agora”, disse. 

    A última greve dos trabalha­dores do órgão foi em 2012, com duração de dois meses. A Pes­quisa Mensal de Emprego, que fornece a taxa de desemprego para as seis principais regiões metropolitanas do País, foi afe­tada. Os dados do Rio e de Salva­dor não ficaram prontos a tem­po da divulgação. O ponto dos trabalhadores foi cortado, mas o governo concordou em devol­ver os salários, mediante com­promisso dos servidores de compensar as horas não traba­lhadas. 

    Na atual pauta de reivindica­ções dos grevistas estão a reali­zação de concurso público, valo­rização salarial e a saída imedia­ta da presidente do IBGE, Wasmália Bivar, e dos membros do conselho diretor. 

    • Pesquisa 

    “Aprovamos a divulgação da Pnad Contínua. Os demais (índices) nós entendemos que os trabalhadores em greve não devem divulgar.” Susana Drumond DIRETORA DA ASSIBGE-SN

     

    Fonte: O Estado de S.Paulo

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