da redação
Uma semana depois de ser denunciado por desvio de recursos para beneficiar entidades ligadas ao PT, o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jorge Alfredo Streit, e o diretor executivo de Desenvolvimento Social, Éder Melo, entregaram os cargos. A decisão foi tomada depois de eles pedirem aposentadoria do banco, que vai lhes garantir um salário de R$ 25 mil, além de ingressar no programa de ajuda a ex-executivos, o que significa receber cerca de R$ 1 milhão cada.
Os dois estão sendo investigados pela Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco) do Distrito Federal, que apreendeu documentos e computadores na sede da fundação, em Brasília. Dois DVDs e um CD foram retirados do gabinete de Streit, que foi candidato derrotado ao governo de Rondônia pelo PT, em 2010. Ele e Éder Melo são funcionários de carreira do Banco do Brasil. O substituto de Streit ainda não foi escolhido.
A investigação sobre o desvio de recursos corre sob sigilo, mas teve início em razão de denúncia de uma funcionária, hoje sob proteção policial. De acordo com o depoimento, a Fundação Banco do Brasil, vinculada ao Ministério da Fazenda e sob controle político dos petistas, firmou convênios de R$ 36 milhões com organizações não governamentais ligadas ao partido e a familiares de dirigentes, cujos valores foram desviados. As investigações, no entanto, não se limitam à gestão de Jorge Streit, que estava no cargo até ontem. As suspeitas se iniciaram em contratos e convênios firmados ainda na gestão de Jacques Pena, também do PT e ex-presidente do Banco de Brasília (BRB). Pena foi quem indicou Éder Melo, para o cargo de diretor executivo de Desenvolvimento Social da fundação.
Antes de a servidora entregar os dirigentes, a polícia não descartava pedir o afastamento de Streit. A fundação já foi investigada pela CPI das ONGs, no Congresso, por repasses feitos a uma entidade de Jorge Lorenzetti, o churrasqueiro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ONG tinha quatro contratos com a fundação até o ano passado, um deles ainda em vigor.
Relações
Segundo a apuração, os recursos que alimentam a fundação são oriundos do Banco do Brasil e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e deveriam ser aplicados no apoio a projetos na área de desenvolvimento sustentável de comunidades pobres.
Por meio de nota, a Fundação BB informou que a aplicação de seus recursos não é pautada por “relações político-partidárias ou pessoais”. Ainda de acordo com a fundação, a prestação de contas da instituição referente ao exercício de 2012 foi aprovada. “Os convênios e os contratos celebrados pela Fundação Banco do Brasil estão de acordo com os preceitos dos órgãos de controle aos quais se submete”, diz o texto.
Fonte: Correio Braziliense