Por Vanessa Dezem | De Londres
O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou, em um evento em Londres, que, uma vez realizada uma série de atuações pela autoridade monetária para conter a inflação desde o início do ano, é importante observar os resultados. “Estamos esperando para definir nossos próximos passos”, afirmou Tombini.
Em sua apresentação, Tombini relatou que o trabalho do BC foi, primeiramente, melhorar a comunicação com o mercado e, depois, partir para o aumento dos juros.
“Fizemos progressos no que diz respeito à inflação. A inflação está sob controle”, disse. O presidente do BC citou os dados parciais de setembro, que mostram uma desaceleração dos indicadores de inflação. Segundo Tombini, o banco central está olhando cuidadosamente para os indicadores de preços, “mas há notícias boas no que tange seu controle”.
“Neste ano, vemos que a inflação vai ficar menor do que no ano passado, e queremos continuar nesse caminho”, afirmou.
Para Tombini, os leilões diários de swap cambial têm gerado bons resultados. Ele afirmou que o real apresentou recuperação após o programa anunciado em agosto, por conta da volatilidade gerada pela perspectiva de início de normalização da política monetária do Federal Reserve (Fed).
“Vimos muita pressão nos mercados futuros, então anunciamos um programa de intervenção. Estamos atuando para que o mercado de câmbio trabalhe de modo apropriado.” Tombini explicou à plateia de investidores e empresários que, apesar de a expectativa de normalização da política monetária do Fed gerar alta volatilidade, principalmente nos países emergentes, o Brasil tem “vários indicadores que fazem com que ele resista a essa situação”.
Entre os indicadores citados por Tombini estão o sistema financeiro estável e com liquidez, as fortes reservas do país e os investimentos estrangeiros diretos que recebe. “Vemos essa transição de política monetária nos EUA como positiva. O Banco Central toma iniciativas para mitigar os riscos”, afirmou.
Sobre o crescimento econômico, Tombini ressaltou que o primeiro semestre foi “relativamente forte”, enfatizando que o bom desempenho foi sido guiado pela formação bruta de capital fixo. “A dinâmica do crescimento será guiada pelos investimentos”, disse. Para Tombini, o terceiro trimestre será de acomodação, mas o Brasil vai entregar um “bom crescimento no ano, dadas as condições globais da economia”. Ele afirmou, porém, que a confiança do consumidor e do empresário na economia brasileira está caindo. “Nosso trabalho está diretamente relacionado com a mitigação dessa queda de confiança.”
Fonte: Valor Econômico