“Imprimir, não: MOLDAR!”. Este foi o título de uma matéria veiculada no caderno de informática de O Globo, que pode ser resumida assim: às vezes, tudo o que se precisa é de um pedaço de plástico. Digamos que você tenha perdido a capa do seu celular, ou que sua filha queira, desesperadamente, aquela boneca que viu na TV. Dentro de pouco tempo, será possível fazer tais objetos em casa. Para isso, bastará baixar da Internet esquemas tridimensionais e mandar imprimi-los. Horas depois, surgirá na bandeja da sua impressora um objeto 3D sólido, pronto para ser retirado. Se a notícia por si só já é fantástica, para mim, os desdobramentos que poderão surgir dessa possibilidade são mais importantes do que o advento da própria informática. Na verdade, impressoras de objetos 3D existem há uma década em lojas de produtos de desenho industrial. São usadas para testar o design de partes e peças para carros, aviões e outros produtos antes que eles sejam efetivamente fabricados. Assim, na véspera do Natal, não precisarei desbravar, como se fosse um moderno bandeirante, as cerradas selvas humanas que entopem os corredores dos shopings, para que a minha esposa – antes de fazer as compras – visite todas lojas possíveis para comparar preços, qualidade e dar uma “olhadela” nas recomendações. Do sofá da sala, enquanto bebo uma cerveja e ela consulta os catálogos, poderei imprimir os objetos aos poucos. Nem pensar em disputar a cotoveladas os Ovos de Páscoa com a multidão que invade as Lojas Americanas na Semana Santa! Imagino que, para uma impressora tridimensional, deva ser fácil misturar ingredientes em pó e “chocar” um Ovo de Páscoa. Como brinde, a loja há que oferecer a impressão do papel de presente e da fita colorida. Na página 3, do mesmo caderno de informática, alguém de codinome PH Noronha contou novidades da Seconde Life: “…é talvez a maior e mais ampla experiência de realidade virtual em curso no planeta. É um misto de realidade virtual com virtualidade real. Tem gente que gasta dinheiro de verdade para comprar um carro poderoso, só que virtual. Visitei uma plantação virtual de alguém que comprou um terreno no Second Life, com dinheiro real”. Pois o mundo da Second Life é a alternativa que sonho há anos: almoçar “fora”, no domingo dedicado “a rainha do lar”, em ambiente familiar, confortável e tranqüilo, num sofisticado restaurante virtual, instalado na minha casa. Sei que o custo será real e em reais, mas a possibilidade de evitar uma fila quilométrica para receber uma senha de vaga no restaurante que, no Dia das Mães, levam “horas” para servir comida gelada, chope quente e sobremesa de anteontem, ao som de um barulho infernal provocado, entre outros inúmeros sons, por choro de crianças, gritos dos garçons, cadeiras se arrastando e, ainda por cima, ter que entrar em outra fila para pagar por tanto dissabores, equivalerá a satisfação de usar o cartão Mastercard, sem dar a mínima para o preço.
Inicial SECOND LIFE