Li que “alguns cutucões” nos paulistas marcaram o primeiro dia da 14° Bienal do Livro do Rio de Janeiro. A historiadora Rosa Maria Araujo, presidente do Museu da Imagem e do Som, lembrou que, em 1999, foi convidada pela Bienal para criar um evento com a cara do Rio, já que São Paulo ameaçava ter uma feira anual de livros: “- trabalhar com cultura e ganhar dos paulistas era tudo o que eu queria.” Se existe alguma coisa que eu, friburguense incorrigível, não entendo é essa rivalidade entre cariocas e paulistas. Morei e trabalhei em São Paulo e acho que não é bem assim que “banda toca”. Abomino essas bobagens de que São Paulo é o “túmulo do samba”, que lazer de paulistano é visitar aeroporto e a que a cidade é esquisita. Para começar, uma rápida olhada nos números econômicos não permite comparar a cidade a qualquer outra brasileira: se fosse um país, São Paulo seria o quinto da América do Sul. A cidade abriga 38% das sedes das 100 maiores empresas privadas de capital nacional e é sede de 16 dos 20 maiores bancos múltiplos e comerciais. O seu PIB é o maior do Brasil. Para a “cutucada” que lazer de paulistano é ver avião em aeroporto, transcrevo a nota veiculada pela coluna “Gente Boa” de O Globo de 22/9/2009: “Uma multidão de cariocas está pegando a Ponte Aérea no fim de semana para curtir a sensacional oferta de atrações culturais em São Paulo: Matisse, Cartier Bresson, Pinacoteca, Museu da Língua, Museu do Futebol”. Um chops e dois pastel? São mais de 5.000 pizzarias e, além disso, 280 cinemas, 88 museus, 120 teatros, 184 casas noturnas, 75 bibliotecas… “São Paulo é o túmulo do samba”! Será? Em matéria de carnaval a história mudou: A TV Globo, que privilegiava apenas o desfile das escolas de samba do Rio, rendeu-se ao desfile paulista. Não entendo patavina de carnaval, mas creio que a distância entre as escolas cariocas e paulistas anda encurtando, até porque muita gente boa que desfila aqui, faz o mesmo por lá. E o que é pior? Ser “túmulo do samba” ou berço do funk? A minha filha, que é carioca, adora fustigar a capital paulista e não se cansa de lembrar uma reposta do comediante Bussunda sobre o local mais esquisito em que fez amor: – “São Paulo!”. Mas,outro dia, mesmo com todo respeito à memória do humorista, disse-lhe que gostaria de perguntar a mulher que fez amor com o Bussunda na ca´pital paulista, quem foi a pessoa mais esquisita com quem ela já transou. Quando lhe mostro dados que considero “irrefutáveis”, ela não se aperta, apela para os inigualáveis privilégios naturais com que o Rio foi brindado: “o Rio tem praia, sol …”. Agora ela anda presentando uma nova arma: vamos sediar a final da Copa de 2012! São 13:55h deste dia 2 de outubro. O telefone toca e ela está “impossível” no outro lado da linha:. “É tem mais: a Olímpiada de 2016 é nossa!” Admito que estão me faltando argumentos para prosseguir no debate.
Inicial RIO X São Paulo