<!– /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";}@page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;}div.Section1 {page:Section1;}–>Foi há poucos dias atrás. Marlene limpava nosso quintal retirando asfolhas caídas da mangueira quando de repente ela percebeu um corpinho bempequeno caído no gramado. Aproximou-se e viu que era um filhote de passarinho.Certamente ele havia caído do ninho que estava na mangueira. Ainda com vida ele abria e fechava o biquinho como a implorar porcomida ou água. Juntei-me à Lena e ficamos pensando o que deveríamos fazer paratentar salvar-lhe a vida. Recolocá-lo no ninho não dava, este estava em localmuito alto, não o alcançávamos. Precisávamos também ter atenção com nossos cachorros, pois poderiamvê-lo e até matá-lo, especialmente Tuane. Elemento estranho em nosso quintalnunca é bem visto por eles, claro. Afinal eles se consideram donos do pedaço,como dizem. De repente Lena teve uma idéia e logo a pôs em prática. Pegou umpano meio grosso e o colocou dentro de um pequeno vaso de planta, improvisandoum ninho. Meio sem jeito é verdade, porém o passarinho poderia ficar protegidoali. Em seguido colocou-o entre os galhos de uma de nossas árvores de acerola,bem ao lado da mangueira. Jogamos com a sorte de que os pais do filhote pudessem vir socorrê-lo,trazendo-lhe comida e dando-lhe calor e carinho. Vez ou outra observávamos tudode longe e ficamos preocupados quando percebemos que os passarinhos estavamaflitos a voar de um lado para o outro mas não se aproximaram do ninhoimprovisado. Nada mais nos restava fazer, só torcer e esperar. Anoiteceu, esfriou bastante e tememos pelo pior. No dia seguinte fomosconferir e vimos que nosso amiguinho, abandonado pela sorte, estava já semvida. Lembramos então de outro episódio, faz alguns anos, na minha casa dobairro do Braga, quando tentamos ajudar um passarinho ferido. Ele não conseguiamais voar e estava mesmo sem forças. Acabou desfalecendo nas mãos de Lenarecebendo nosso carinho e atenção e, porque não dizer, algumas lágrimas. Mas, após a tristeza da morte de outro passarinho tão próximo a nós,veio a alegria cinco dias depois. Marlene estava novamente a limpar o gramadoque vai até à frente de nossa varanda externa quando se deparou com uma cenaque a fez sorrir e me chamar de imediato para também ver. Temos um pé de laranjas bem na curva do gramado quando ele segue para aentrada principal da casa. A árvore é pequena e entre alguns de seus galhosestava lá aquela imagem que apagou de nossa mente a triste cena da morte dooutro passarinho, ainda filhote. Um belo ninho e sobre ele a mãe atenta e vigilante chocando os ovos. É promessade vida que se renova. Ficamos felizes. Em nosso quintal já encontramosdiversos desses ninhos vez ou outra. Acreditem que a mãe não abandona o ninho,em hipótese alguma, e nem se assusta com a nossa presença. Nos dias seguintes íamos lá de manhã, à tarde e mesmo no começo danoite e lá estava a mãe amantíssima zelando por seu futuro filho sentada sobreo ovinho. Perguntariam: e ela não se alimenta, não bebe água? Por algunsmovimentos de outro passarinho que vimos a entrar e sair de lá acreditamos queo pai é quem providencia o sustento da zelosa mamãe. Certa noite decidi ir devagar, com a lanterna na mão, por volta das 22horas, verificar se estava tudo bem no ninho. Confesso que me emocionei maisainda. Sentados, juntinhos, um para cada lado, estavam pai e mãe do filhote,ainda em “gestação” nos ovos. Procurei não os assustar e saí rápido. Gente, isso é muito lindo, não sei como há pessoas capazes de fazer mala esses pequenos seres com pedras e estilingues. Desculpem o que vou dizer, masé o que sinto: ah se alguns seres humanos se parecessem mais com os animais,certamente seriam mais racionais… Eu amo a Natureza e sempre digo que se Deus existe mesmo não pode estarem outro lugar que não seja nela. As semanas foram passando e nossa ansiedadeaumentava, queríamos ver o filhote, vivo, um ser que daí a mais algum tempoestaria integrado ao nosso ambiente, voando, cantando, alegrando a vida. Certa manhã dei por falta da mãe no ninho, mas reparei que lá estava ofilhote já bem crescidinho. A mãe costumava abrir as asas no ninho e com estemovimento protegia o filho escondendo-o de nós, só podia ser isso. Aproveiteiaquele instante raro e tratei de documentá-lo, fotografando o filhote. Momentosdepois a mamãe estava de volta ao ninho. Fiz então a foto mais linda: a mãejunto com seu filhote, no ninho. Sinceramente que aquilo me comoveu e não podiaser diferente. Havia realmente só um filhote que, hoje, quando estou terminando estacrônica, já está bem grandinho, e de repente percebi que ele saíra do ninho.Encontrei-o escondidinho pelos pais atrás de um vaso de plantas, numa quina denosso muro, protegido da nossa cadela Tuane. De quando em vez os pais chegavame logo saíam. Esperei para ver se ele enfim conseguiria voar. Havia uma grande ansiedade tanto em nossos corações como na natureza.Outros passarinhos se agitavam e cantavam. Vida renovada. Uma hora depoisvoltei ao local onde o vira, no gramado e….. nosso querido filhote já aprendera a voar. Já seguira o seu rumo, o seudestino, junto com seus pais. Mais tardenós vimos um passarinho bem pequeno pousado no muro em frente à árvore doninho. Só podia ser ele, sim, era ele que retornava para nos dizer talvez queestava tudo bem e agradecer todo o carinho que pudemos ter durante seu crescimentosem permitir que nada lhe acontecesse de mal. A Natureza também nos ajudou. Morte e Vida, Passarinho, na seqüência da roda da vida.
Inicial MORTE E VIDA, PASSARINHO