Levou mais de meio século, mas agora acho que fiquei importante! Numa só semana, surgiram três sinais de ascensão do meu status social. De um único e-mail da Arp Fios e Bordados, indústria de Friburgo, veio à solicitação para que enviasse os meus textos sobre a terrinha e que – “além de mim” – apontasse três friburguenses que julgasse merecedores de uma homenagem. “Além de mim”, indiquei o antropólogo Luiz Eduardo Soares, o economista Carlos Geraldo Langoni e a socialite Luma de Oliveira. Recuso-me a acreditar que, o meu nivelamento com famosos, tenha sido apenas cortesia de uma sobrinha que está à frente do projeto no Departamento de Marketing da empresa e que assinou a mensagem. Outro sinal veio da cronista e atriz Maria Lucia Dahal, da qual recebi duas mensagens: uma, convidando para ir ao lançamento do seu livro. E a outra, “desconvidando”. Calma! Não foi engano dela. É que o livro não ficaria pronto no prazo. Duvido que tenha se lembrado de mim só porque uma vez enviei-lhe um texto que fiz a partir de uma crônica escrita por ela. Quer saber como foi o seu "sincero e espontâneo" comentário? "Uma delícia!" Também não acredito que seja em consideração às felicitações que eu vivo lhe enviando pelas colunas no JB, o que me colocaria na categoria de um comprador em potencial do livro. Não é só a Cora Rónai que pode contar no Globo que foi convidada para revelar as suas cinco manias mais incomuns. Eu também fui! Para evitar cenas explícitas de ciúmes, permito-me a não revelar de onde veio à convocação. Pediram três. Ofereciam até prêmio para a mania considerada mais exótica. Para escrever, como já contei, gosto de me trancar no quarto com o ar condicionado a todo vapor, ligar a TV, sintonizar o rádio no futebol, colocar um CD, ao tempo em que – sem ouvir nenhum desses sons – batuco essas linhas. Na contramão de todo mundo, adoro as minhas rotinas. Detesto abrir mão delas por qualquer motivo. Torço desesperado para que não aconteçam feriados prolongados e os finais de semana passem rápido. A simples iminência de um período de férias me deixa em pânico. A última foi uma confissão: eu assisto aos filmes do Telecine Cult da Net! Estranhou porque? A regra do jogo não são as manias incomuns? Pois eu me divirto em assistir como “cult” os mais idiotas filmes da história do cinema, como Sexo, Amor e Traição com Murilo Benício (esse, nem eu agüentei!) e “As minas do Rei Salomão”, com Richard Chamberlain. Outro dia, o portal citado aí em cima, avisou que eu não tinha sido o vencedor do concurso. Por absoluta certeza da derrota outra vez deixei de prestar atenção no prêmio que concorria. O que não passou batido dessa vez foi o título da promoção: cada doido com a sua mania!
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