<!– /* Font Definitions */ @font-face {font-family:Verdana; panose-1:2 11 6 4 3 5 4 4 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:swiss; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:536871559 0 0 0 415 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";}@page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;}div.Section1 {page:Section1;}–>Quando escrevo crônicas eu uso ora a crítica, ora aanálise, ora o sofrimento, ora o humor, ora o amor, ora a memória, trazendohistórias do passado, etc. Hoje, porém, quem vai escrever este texto juntocomigo vai ser… o coração. O coração interpretando um amor fraterno, entre amigos,entre pessoas que se conhecem, se respeitam, que usam a estima, a simpatia, alealdade, sempre. Pessoas que se fazem presentes nos momentos de dor e sabemcompartilhar nossas alegrias dividindo conosco também sua felicidade. Afinal,amigo é para essas coisas, disse um poeta. No caso, minha mensagem vai direto a um só amigo.Felizmente tenho vários, porém hoje ele é o alvo exclusivo das minhas melhoresatenções. Nós nos conhecemos creio que no ano de 1967. Eu já estava lá quandoele chegou. Era o Departamento de Treinamento de Pessoal do BB que ainda seestruturava. Como vêem é uma amizade que ultrapassa os quarenta anos.Estamos ambos no time dos muitos, e bem vividos anos. O destino não apenas nosaproximou como foi pródigo em nos proporcionar muitas alegrias, tanto norelacionamento em nosso trabalho, ministrando aulas, coordenando cursos peloBrasil afora, quanto entre nossas famílias. Nossas esposas tornaram-se amigaspara sempre, e para sempre mesmo. Aquele sentimento que nos segue pelaeternidade. Seu jeito de quem está sempre disposto a ouvir, a ajudar,a aconselhar, que alguns chamariam de um “paizão”, o tornava, e o faz até hoje,aquele amigo a quem recorremos quando algo nos sai mal, algo nos atormenta. Nãobastasse ele já trazer este socorro amigo permanente como que no seu DNA, aindapor cima estudou psicologia. Nem precisava. Ele se fez constantemente presente na fase mais difícil daminha vida que durou alguns anos, começando em janeiro/2002. Ele telefonavapara saber notícias, mas também levou com sua presença e a de sua igualmente,hoje, saudosa esposa, o apoio, uma força cheia de fé e de esperança, tanto paramim quanto para aquela que fora minha companheira por quase 40 anos de vidaconjugal. Este é o amigo, o que não pergunta se precisamos de ajuda,pois a carrega consigo naquele coração imenso, permanentemente. Ele não seprende a detalhes que, sobre outro foco, podem afastar eventual e injustamentealgumas amizades. Este é o fiel amigo que ampara, que defende e até protege semcobrar nada do outro. Ele confia que numa situação inversa o outro usaria dareciprocidade para com ele. Foi assim em Abril/2004, por volta da meia-noite. Eusobrevivia numa solidão silenciosa e cruel em frente ao computador. Aí o amigome mandou uma pequena, bem pequena, porém doída mensagem. Nela o amigo escrevera apenas isto: “Seismeses… Quanta vida sem vida…” Olhei em volta do meu silêncio e senti omesmo, o mesmo, sim, apenas num espaço de tempo que se alargara um poucomais… cerca de 10 meses. A solidão do meu bom amigo começara três meses apósa minha. Aqui me permito inserir um parágrafo da crônica”Procura-se um amigo”, escrita por Vinicius de Moraes: “Precisa-se de umamigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque jáse tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não seviver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nosombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se aconsciência de que ainda se vive.” Enquanto eu procurava refazer o meu caminho, aindaacreditar na vida e no amor, ele passava por uma fase que eu ia ultrapassandoaos poucos. Vi que ele não se entregara ao desencanto, pelo contrário, levavacom muita dignidade aquela saudade que nos acompanhará pela eternidade. Hojeele continua trilhando pelos caminhos que o destino também lhe reservou e eufico feliz com isso. Eu me refiro ao meu grande amigo Renato Toledo de Campos.Mestre Renato, aposentado do BB, ex bancário, professor, grafotécnico,psicólogo, e para sempre um ser humano da melhor qualidade. O Renatão, como àsvezes o chamo carinhosamente, que esteve ao meu lado em várias jornadas, tantopelo trabalho no DESED, como pela própria vida. E hoje me curvo também ao talento do excelente contistaRenato Toledo de Campos. Ele afirma que somente se descobriu como um contadorde histórias ali pelos 75 anos. Que isto sirva de exemplo a tantos que naquelaidade julgam nada mais poder fazer de útil na vida. É uma visão pessimista etotalmente equivocada que os faz geralmente até desistir de viver. Renato é umgrande exemplo de vida. Fui o primeiro a divulgar crônicas do amigo Renato emmeu site pessoal. Eu conheci pessoas, no trajeto de minha vida, que aos 40ou 45 já tinham postura de velhos. Queriam parecer com mais idade, sei lá arazão, e com isso ajudavam a abreviar um futuro que poderia ser mais feliz,produtivo e venturoso. Eu mesmo recomecei a escrever publicamente, nestainternet, no ano de 2001, ou aos 64 anos. Hoje Renato me surpreendeu ainda mais ao escrever e editar(ou “cometer”, como ele o diz) um belo livro de Contos. O título é “Cronicontose outros rabiscos”. A Editora é a Alternativa, de Porto Alegre (RS). Quemescreveu a Apresentação do livro foi Rozélia Scheifler Rasia. Ela encerra aapresentação do trabalho do autor com essas palavras: “Meu nome nestelivro é uma oportunidade de me incluir entre os leitores de um dos maioresautores da atualidade, pois os contos de Renato Toledo de Campos desafiam osentido da temporalidade, descortinam fatos do presente, tecem enredos dopassado e antecipam o futuro em situações cotidianas ou inusitadas.” É isso, amigo Renato, conseguiste mais uma grandeconquista embora tua modéstia possa não o admitir. Eu te devia esta pequena,mas sincera homenagem e neste caso a ocasião fez o coração falar e dizer tudo.Obrigado pela honra de ter tua amizade há mais de quarenta anos, Renatão. Quemdiz isto é aquele que às vezes, carinhosamente, chamas de “o filho do Mário”,nome do meu saudoso pai. Não obstante nossa diferença de idade não o justificasseeu disse a ele várias vezes que via em sua imagem, em seu jeito, o meu saudosopai português. E não menti.
Inicial "AMIGO É PARA ESSAS COISAS"